O Pico Focinho de Cão tem 1663m de altitude e se destaca na paisagem serrana da cidade de Piquete, lembrando uma imensa barbatana. Ele ocupa um contraforte da Serra da Mantiqueira e seu cume escarpado, assim como toda sua crista, é rasgado por um largo aceiro.
Tomando a rodovia BR-459 em direção a Piquete, rodamos 10km a partir da Dutra e entramos numa estrada de terra à esquerda. Seguimos por 7,6km e entramos numa porteira de arame à direita que dá acesso a uma estradinha secundária logo depois de cruzar um ribeirão por uma ponte estreita de madeira. Mais algumas porteiras e deixamos o carro próximo a uma casa. Altitude de 646m e dali em diante a subida seria toda a pé mesmo.
Às 8h03 demos início à longa pernada tomando a trilha larga à esquerda da casa e cruzando um colchete. Menos de 200m depois, após uma suave curva à esquerda, saltamos um riacho e seguimos em frente desprezando uma saída à direita. Passada mais uma casa, um galpão e outro colchete, começa a subida de verdade, por uma estrada abandonada e com pontos profundos de erosão. Na bifurcação em T mais acima fomos para a esquerda e a subida tornou-se ainda mais íngreme e cansativa sob um sol impiedoso logo cedo.
Às 8h54 finalmente entramos na sombra da mata, subimos mais um pouco e a trilha então nivelou até atingir um novo colchete. Ultrapassando-o, imediatamente deve-se abandonar essa trilha em favor de uma outra bem mais estreita e com início bastante discreto a partir de um degrau à direita. Porém esse local abriga a única fonte de água de todo o caminho e por isso descemos um pouco à frente para abastecer os cantis. Retornamos ao colchete e entramos às 9h24 na trilha mais fechada, agora à esquerda.
Não houve nenhuma dificuldade nesse trecho e em 14 minutos desembocamos num caminho mais largo, onde prosseguimos à esquerda. A partir daqui passamos a caminhar pela estrada de manutenção das torres de alta tensão, estrada essa bastante tomada pelo mato e reduzida a trilha em boa parte do percurso.
Cerca de 200m depois uma outra "estradinha" entronca à direita mas continuamos em frente pois essa saída termina num instante em uma torre. O mato a partir dali está mais alto e já tomando conta do caminho. Mais 350m e uma outra trilha sai à esquerda, porém leva igualmente a uma torre, e continuamos à direita (vale a pena subir poucos metros à esquerda para uma bela visão do pico, ainda muito distante). Às 10h enfim alcançamos o aceiro da Imbel, pontuado por marcos de concreto parecidos com pequenas lápides onde se lê FPV (Fábrica Presidente Vargas). Porém a estrada de manutenção continua à esquerda e preferimos caminhar por ela pois o aceiro tem muito sobe e desce e é muito exposto ao sol. Em 13 minutos pela estrada alcançamos uma bifurcação em T e seguimos para a direita, reencontrando o aceiro em mais 8 minutos, às 10h21.
Nesse ponto encontram-se vários caminhos. A estrada/trilha onde estávamos se divide em duas, sendo que a continuação em frente supostamente desce para a fábrica e a ramificação da esquerda corre paralela ao aceiro ainda durante bastante tempo. Cortando essa bifurcação está o próprio aceiro, bem mais acidentado. Por ser mais fácil e agradável caminhar pela estrada sombreada, seguimos subindo por ela à esquerda. E assim foi enquanto ela se manteve paralela ao aceiro, reencontrando ele ainda mais seis vezes, totalizando oito vezes. Na oitava vez a estrada se fundiu ao aceiro por cerca de 300m mas depois saiu novamente à esquerda, porém começou a divergir para sudoeste e a descer, o que nos fez abandoná-la e voltar ao aceiro (que a essa altura apontava diretamente para oeste) para seguir por ele até o cume.
Já estávamos a 1364m de altitude, havíamos vencido um desnível de 718m, porém o pior estava por vir: um desnível de 300m em apenas 1,1km! Nessa hora nos distanciamos um do outro pois as subidas muito íngremes e o forte calor testaram a resistência de cada um. A recompensa vinha em forma de uma paisagem cada vez mais ampla e estonteante. Por fim, cheguei ao cume do Focinho de Cão às 12h48 e registrei a altitude de 1663m. A visão é incrível, tanto do Vale do Paraíba pontilhado de cidades grandes e pequenas, quanto da própria Serra da Mantiqueira, cuja cumeeira corre separada do Focinho por um imenso vale. Ao norte as antenas do Pico do Ataque, a nordeste o imponente conjunto Marins-Itaguaré e ao sul uma imensa cachoeira desconhecida despencando num paredão da serra.
O que surpreendeu é que o pico é o final do aceiro e não tem nenhuma conexão com o topo da serra, onde também corre um aceiro. Todos os outros lados do pico, com exceção da face leste (onde está o aceiro), são abismos imensos.
O sol estava castigando mas conseguimos nos abrigar no meio de algumas árvores, porém o descanso não durou muito e às 14h demos iníco à descida, exatamente pelo mesmo caminho. O retorno foi bem mais rápido e às 15h26 já estávamos na confluência do aceiro com a bifurcação da estrada, aquela onde passamos às 10h21. Continuamos pela estrada, entramos na trilha mais fechada e alcançamos sedentos o ponto de água às 16h22. Um rápido descanso, saímos da mata e descemos pela estradinha abandonada até as casas, chegando ao carro às 17h46.
Informações adicionais:
O Pico Focinho de Cão fica numa área restrita e é necessário autorização da Imbel para subi-lo. Se for seguir esse relato sem essa permissão, vá por sua conta e risco.
A cidade de Piquete é servida pelos ônibus da empresa Pássaro Marron (http://www.passaromarron.com.br), porém se for de ônibus acrescente uma caminhada de 10km por estradas de terra até o início da trilha.
Cartas topográficas:
. Delfim Moreira: biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS%20-%20RJ/SF-23-Y-B-VI-1.jpg
. Lorena: biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS%20-%20RJ/SF-23-Y-B-VI-2.jpg
Rafael Santiago
março/2014
Tomando a rodovia BR-459 em direção a Piquete, rodamos 10km a partir da Dutra e entramos numa estrada de terra à esquerda. Seguimos por 7,6km e entramos numa porteira de arame à direita que dá acesso a uma estradinha secundária logo depois de cruzar um ribeirão por uma ponte estreita de madeira. Mais algumas porteiras e deixamos o carro próximo a uma casa. Altitude de 646m e dali em diante a subida seria toda a pé mesmo.
Às 8h03 demos início à longa pernada tomando a trilha larga à esquerda da casa e cruzando um colchete. Menos de 200m depois, após uma suave curva à esquerda, saltamos um riacho e seguimos em frente desprezando uma saída à direita. Passada mais uma casa, um galpão e outro colchete, começa a subida de verdade, por uma estrada abandonada e com pontos profundos de erosão. Na bifurcação em T mais acima fomos para a esquerda e a subida tornou-se ainda mais íngreme e cansativa sob um sol impiedoso logo cedo.
Às 8h54 finalmente entramos na sombra da mata, subimos mais um pouco e a trilha então nivelou até atingir um novo colchete. Ultrapassando-o, imediatamente deve-se abandonar essa trilha em favor de uma outra bem mais estreita e com início bastante discreto a partir de um degrau à direita. Porém esse local abriga a única fonte de água de todo o caminho e por isso descemos um pouco à frente para abastecer os cantis. Retornamos ao colchete e entramos às 9h24 na trilha mais fechada, agora à esquerda.
Não houve nenhuma dificuldade nesse trecho e em 14 minutos desembocamos num caminho mais largo, onde prosseguimos à esquerda. A partir daqui passamos a caminhar pela estrada de manutenção das torres de alta tensão, estrada essa bastante tomada pelo mato e reduzida a trilha em boa parte do percurso.
Cerca de 200m depois uma outra "estradinha" entronca à direita mas continuamos em frente pois essa saída termina num instante em uma torre. O mato a partir dali está mais alto e já tomando conta do caminho. Mais 350m e uma outra trilha sai à esquerda, porém leva igualmente a uma torre, e continuamos à direita (vale a pena subir poucos metros à esquerda para uma bela visão do pico, ainda muito distante). Às 10h enfim alcançamos o aceiro da Imbel, pontuado por marcos de concreto parecidos com pequenas lápides onde se lê FPV (Fábrica Presidente Vargas). Porém a estrada de manutenção continua à esquerda e preferimos caminhar por ela pois o aceiro tem muito sobe e desce e é muito exposto ao sol. Em 13 minutos pela estrada alcançamos uma bifurcação em T e seguimos para a direita, reencontrando o aceiro em mais 8 minutos, às 10h21.
Nesse ponto encontram-se vários caminhos. A estrada/trilha onde estávamos se divide em duas, sendo que a continuação em frente supostamente desce para a fábrica e a ramificação da esquerda corre paralela ao aceiro ainda durante bastante tempo. Cortando essa bifurcação está o próprio aceiro, bem mais acidentado. Por ser mais fácil e agradável caminhar pela estrada sombreada, seguimos subindo por ela à esquerda. E assim foi enquanto ela se manteve paralela ao aceiro, reencontrando ele ainda mais seis vezes, totalizando oito vezes. Na oitava vez a estrada se fundiu ao aceiro por cerca de 300m mas depois saiu novamente à esquerda, porém começou a divergir para sudoeste e a descer, o que nos fez abandoná-la e voltar ao aceiro (que a essa altura apontava diretamente para oeste) para seguir por ele até o cume.
Já estávamos a 1364m de altitude, havíamos vencido um desnível de 718m, porém o pior estava por vir: um desnível de 300m em apenas 1,1km! Nessa hora nos distanciamos um do outro pois as subidas muito íngremes e o forte calor testaram a resistência de cada um. A recompensa vinha em forma de uma paisagem cada vez mais ampla e estonteante. Por fim, cheguei ao cume do Focinho de Cão às 12h48 e registrei a altitude de 1663m. A visão é incrível, tanto do Vale do Paraíba pontilhado de cidades grandes e pequenas, quanto da própria Serra da Mantiqueira, cuja cumeeira corre separada do Focinho por um imenso vale. Ao norte as antenas do Pico do Ataque, a nordeste o imponente conjunto Marins-Itaguaré e ao sul uma imensa cachoeira desconhecida despencando num paredão da serra.
O que surpreendeu é que o pico é o final do aceiro e não tem nenhuma conexão com o topo da serra, onde também corre um aceiro. Todos os outros lados do pico, com exceção da face leste (onde está o aceiro), são abismos imensos.
O sol estava castigando mas conseguimos nos abrigar no meio de algumas árvores, porém o descanso não durou muito e às 14h demos iníco à descida, exatamente pelo mesmo caminho. O retorno foi bem mais rápido e às 15h26 já estávamos na confluência do aceiro com a bifurcação da estrada, aquela onde passamos às 10h21. Continuamos pela estrada, entramos na trilha mais fechada e alcançamos sedentos o ponto de água às 16h22. Um rápido descanso, saímos da mata e descemos pela estradinha abandonada até as casas, chegando ao carro às 17h46.
Informações adicionais:
O Pico Focinho de Cão fica numa área restrita e é necessário autorização da Imbel para subi-lo. Se for seguir esse relato sem essa permissão, vá por sua conta e risco.
A cidade de Piquete é servida pelos ônibus da empresa Pássaro Marron (http://www.passaromarron.com.br), porém se for de ônibus acrescente uma caminhada de 10km por estradas de terra até o início da trilha.
Cartas topográficas:
. Delfim Moreira: biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS%20-%20RJ/SF-23-Y-B-VI-1.jpg
. Lorena: biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS%20-%20RJ/SF-23-Y-B-VI-2.jpg
Rafael Santiago
março/2014
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